Vereadores de 16 cidades estreiam palanque eletrônico até junho de 2012
Mais cem emissoras podem ir ao ar no 2º semestre; especialista vê risco de espaço ser usado para propaganda
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
Câmaras municipais de 16 cidades brasileiras, incluindo quatro capitais,
vão ganhar novos canais abertos em TV digital até o fim do primeiro
semestre de 2012.
As emissoras ampliarão o palanque eletrônico de 345 vereadores que podem
concorrer à reeleição em outubro e já terão espaço garantido no horário
eleitoral gratuito.
Os canais poderão ser sintonizados por todo aparelho equipado com
conversor digital. Isso aumentará o alcance das "TVs Câmaras" já
existentes, restritas a canais por assinatura ou a horários comprados em
emissoras abertas.
Os 55 vereadores paulistanos foram escolhidos para estrear o primeiro
canal digital, em janeiro. A "experiência" custou R$ 4 milhões à Câmara
dos Deputados, que coordena a implantação das emissoras em todo o país.
Em fevereiro, será a vez de Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre, com gasto previsto de R$ 1 milhão cada.
As outras 12 cidades entram no sistema em março, segundo o cronograma
oficial (veja quadro ao lado). No interior, o custo médio de R$ 300 mil
para a implantação de cada TV deve ser bancado pelos orçamentos das
próprias câmaras municipais.
Além dos 16 municípios "contemplados" inicialmente, há mais quatro
capitais preparadas para estrear suas emissoras digitais no segundo
semestre: Cuiabá, Goiânia, Salvador e Vitória. Há ainda uma fila de
cerca de cem câmaras com pedido para entrar em canal aberto digital.
LONGO ALCANCE
A gerente do projeto de TV digital da Câmara dos Deputados, Evelin
Maciel, diz que as imagens dos vereadores paulistanos ficarão
disponíveis para 20 milhões de pessoas, já que o sinal do novo
transmissor terá alcance em toda a região metropolitana.
O interesse dos vereadores em aparecer na TV aberta pode ser medido pela
situação de Belo Horizonte, onde o sinal vai "vazar" para 34 cidades da
região metropolitana.
Sob pressão dos vereadores de outros municípios, os responsáveis pela
emissora tiveram que fazer um acordo para receber material gravado e
distribui-lo pela programação, segundo contou o coordenador da TV Câmara
de BH, Guilherme Minassa.
O especialista em direito eleitoral Flávio Britto diz que a divulgação
institucional das atividades dos vereadores é positiva, mas que os
"excessos" terão de ser vigiados para que os canais não virem vitrines
para as eleições.
"O vereador não pode usar o espaço na TV para fazer propaganda eleitoral
explícita. Se acontecer, tem de ser denunciado", afirma.
O cientista político Milton Lauerta, da Unesp de Araraquara, diz que o
espaço só deve ser usado para tratar da atividade legislativa.
"O problema está no uso que será feito. Se forem programas ruins e com
único propósito eleitoral, certamente afastarão o cidadão ainda mais da
Câmara", diz.
A gerente da Câmara dos Deputados diz que a intenção do projeto não é
promover candidatos com mandato. Evelin Maciel sugere que os vereadores
que tentarão a reeleição sejam cortados de programas jornalísticos ao
vivo para evitar "o perigo".
No entanto, os vereadores ainda poderão fazer propaganda nos discursos em plenário e nas comissões.
Vereadores terão ferramenta para interagir com eleitor
DE RIBEIRÃO PRETO
Além de gratuitas, as emissoras oficiais em TV digital darão aos políticos novas ferramentas para interagir com o eleitor.
Em caso de assuntos polêmicos, por exemplo, vereadores, deputados e
senadores poderão fazer consultas à audiência para medir o humor da
opinião pública.
A "pesquisa" poderá ser feita pela TV, por meio de enquetes, ou outras formas de medir opinião.
Segundo a gerente da Câmara dos Deputados Evelin Maciel, este foi um dos
motivos que atrasaram a entrada das câmaras municipais na Rede
Legislativa.
Ela conta que não se sabia ao certo se a inclusão dos vereadores no
sinal poderia interferir ou sobrecarregar o sistema, já que uma quarta
estação teria de ser incluída no pacote lançado em Brasília.
O canal que transmitirá as atividades dos parlamentares terá quatro
estações. Cada uma será ocupada 24 horas, separadamente, pelas TVs
Câmara, Senado, Assembleia e Câmara Municipal.
É a chamada "multiprogramação". A TV Cultura, em São Paulo, já tem três canais distintos funcionando nesse mesmo esquema.
Para incluir o canal dos vereadores na Rede Legislativa, segundo Evelin,
foram necessários dois anos de testes, com apoio de consultoria técnica
contratada pela Câmara.
Os softwares para interatividade também foram encomendados pela Câmara dos Deputados, disse ela.
Créditos:Universo online
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